quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Reflexão para alunos do Estágio I: "eles não querem dar aulas para a educação básica"

Pesquisa mostra que estudantes de licenciatura do Espírito Santo não querem ser professores da rede básica de ensino. Vilmara Fernandes escreve para a "Gazeta do ES": um terço dos estudantes dos cursos de licenciatura - nas áreas de Ciências Biológicas, Pedagogia, Letras e Matemática -, não quer ser professor da eucação básica (ensino infantil até o médio). É o que indica pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas. O estudo foi encomendado pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu) na tentativa de identificar as falhas na formação do educador no Espírito Santo. O relatório inicial da pesquisa, feito com base no perfil de avaliação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), mostra que esses alunos preferem se dedicar a atividades acadêmicas, direcionando sua carreira para a docência de ensino superior, ou buscar um curso de pós-graduação. Para o secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha, esse é um dos desafios a ser enfrentado. "Temos investido na formação dos que já atuam no magistério e em melhorias salariais. Mas, para atingir nosso objetivo - que é melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem-, temos que melhorar a qualidade da formação de nossos professores", diz Rocha, ressaltando que pesquisas nacionais já apontaram que todas as licenciaturas são frágeis na capacitação profissional, principalmente em práticas didáticas. "As faculdades ensinam conteúdo, mas poucas ensinam a dar aulas". Ele não descarta a possibilidade de o estado oferecer uma bolsa de estudos para que alunos dessas áreas se dediquem exclusivamente à formação, evitando jornadas de trabalho. Pretende ainda disponibilizar as escolas do estado como laboratório para os estudantes. Espaços onde poderão, com monitoramento, aprender a prática de dar aulas. O relatório final da pesquisa está sendo aguardado para o final de setembro. Vai apontar o que precisa mudar nas ementas e na grade curricular dos cursos de licenciatura. "Os profissionais que deixam a faculdade hoje não possuem uma formação contemporânea, adequada às salas de aula que passaram por grandes transformações. Precisamos de um outro tipo de professor", observa Rocha. Como parte dessas mudanças, Haroldo lembra que o concurso público deste ano já contempla uma avaliação específica, que vai medir a habilidade do educador em sala de aula. Nova formação deve ter início logo Para o presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE) Artelírio Bossanello, as mudanças propostas na formação dos professores só vão ser sentidas daqui a dez anos. "Mas é importante começar logo", assinalou, relatando ainda que para colocá-las em prática será necessário um projeto que demandará tempo. Para a representante da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Célia Maria Vilela Tavares, essa é a oportunidade de os municípios poderem apontar qual a formação que desejam para os seus professores. "O que percebemos hoje é que eles se formam para um aluno ideal, para uma Escola ideal. Mas vão atuar numa Escola real, para a qual não estão preparados". Participam ainda das discussões sobre as mudanças na grade curricular dos cursos de licenciatura a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Instituto Federal de Ensino Superior (Ifes) e o Sindicato dos Estabelecimentos Estaduais de Ensino Privado (Sinepe).(Gazeta do ES, 18/8).

10 comentários:

  1. Olá!
    Após ler o texto postado, posso pontuar alguns fatos que chamam minha atenção em relação ao assunto.
    Concordo com Haroldo Rocha ao que se refere aos cursos de formação. Há muito conteúdo e poucas respostas de como poderemos aplicar isso no momento que tivermos que dar aula.
    Quanto a preferência dos acadêmicos por trabalhos em um nível superior pode ser explicado (pelo menos para mim é) pelo fato histórico de que professores de educação básica não tem nem um bom salário e nem reconhecimento de seu trabalho. Não que atualmente as coisas não sejam diferentes, porém acredito que esse fato é levado em conta na hora de escolher.
    "Pretende também disponibilizar as escolas do estado como laboratórios para os estudantes". Isso seria maravilhoso para nós, porém, como foi falado em aula, as coisas não funcionariam "as mil maravilhas". Os alunos de cursos de licenciatura poderão estar dentro da escola, porém, será que as escolas serão receptivas?
    Enfim...
    Beijos

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  2. Após ter lido o texto, também estou de acordo com Heraldo Rocha pois é necessário um conhecimento maior a respeito da prática pedagógica dentro da realidade escolar.
    O contexto social dos alunos e a relação entre estes e o professor influenciam no desenvolvimento do aprendizado,assim, há vários fatores que contribuem para que os licenciados não queiram lecionar na educação básica.Em meu ponto de vista,indiferentemente de lecionar no Ensino Fundamental ou no Médio esta a questão de gostar daquilo que faz,então eu acho que embora as dificuldades sejam maiores,é gratificante agir como um colaborador nos primeiros passos de aprendizagem. Pois eles servirão para toda vida escolar e para a formação de um cidadão.

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  3. Tendo concluído a leitura do texto, posso elencar alguns aspectos que mais me chamaram a atenção. Primeiramente preciso dizer que concordo com a opinião de Célia Maria Vilela Tavares, pois realmente somos preparados para dar aula na Escola ideal, com alunos ideais e na realidade não é bem assim, não adianta querermos esconder os fatos. A grande maioria dos alunos de licenciatura nunca colocou os pés numa escola pública de Educação Básica. Quando finalmente se deparam com a realidade percebem que suas ideias estavam erradas e então decidem se especializar para lecionar em cursos superiores, onde o sistema é mais organizado e mais parecido com o que imaginavam. É muito fácil preparar uma aula ou um projeto de ensino pensando que os alunos e as instituições são perfeitas. É necessário que os futuros professores tenham mais tempo para se dedicar aos seus próprios aprendizados, terminado o curso mais bem preparados. Por isso, acho maravilhosa a iniciativa de Haroldo Rocha, e compartilho a opinião de que devemos começar o quanto antes. É uma pena que estas mudanças ainda não se darão em todo o país, contudo, é com otimismo que encaro estes acontecimentos.

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  4. Ester Dias de Barros28 de agosto de 2009 às 12:08

    Depois da leitura do texto " eles não querem dar aula para a educação básica" e dos comentários aqui expostos pelos colegas (aos quais eu concordo),gostaria de acrecentar que assim como os alunos de licenciatura do estado do Espírito Santo,acredito que alunos de muitos outros estados-cidades etc, compartilham do mesmo "pensamento", o que é explicável por inúmeros fatores ( como já citado entetiormente). A meu ver,lidar com os percalços existentes dentro do espaço híbrido que é a sala de aula, só é possível com a prática efetiva, o dito "corpo a corpo" com os alunos. Assim, retomando o fragmento do texto: "O que percebemos hoje é que eles se formam para um aluno ideal, para uma Escola ideal. Mas vão atuar numa Escola real, para a qual não estão preparados". Acredito que esse fragmento traduz uma realidade que não se restringe a escola pesquisada, a história só se repete em outras instituições de formação de professores,e a solução para o problema que deveria ter espaços pra discussões mais amplas a respeito, ficam em segundo plano...
    Ester Dias de Barros ester.dias.barros@hotmail.com

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  5. Lendo o texto postado e as contribuições dos colegas é consenso que todos concordamos com que Haroldo Rocha diz e sou comtemplada e sua argumentação. Posso dizer que aumento a lista dos graduandos em licencitura que não tem como objetivo de vida ficar dentro de uma sala de aula - o futuro que não me prepare nenhuma peça - porém fico (confesso) "sensibilizada" quando vejo professoras como a Profª. Magda (Bradesco) falar de um ensino - buscado por ela - dar certo e é disso que as escolas precisam de um ensino que de certo, de professores bem remunerados com condiçao de encher suas estantes de livros, com disponibilidade para estar sempre atualizado, porque tudo isso requer um custo... que não é pouco. Tornar a vida do professor mais acessível a ele mesmo é uma forma, também, de melhorar o p´roprio ensino e a própria escola. Não quero dizer com isso que está é a única solução é evidente que as fragilidades do ensino tem outras nuances, mas quero poder sonhar com o di em que não vou ouvir um professor me dizendo que "se querem ser professores para ganhar dinheiro, esqueçam". Por mais que uma pessoa se realize no que faz, não vive de vento e tamb´pem não vive só de empirismo.
    Débora do Couto Pereira

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  6. Depois da leitura do texto concordo com Heraldo Rocha no que diz respeito à prática pedagógica dentro da realidade escolar, pois a universidade transmite um conhecimento que muitas vezes é bem diferente da realidade do trabalho docente. Acredito que não só os estudantes do Espírito Santo como também do das outras localidades não querem dar aula na educação básica; isso, acredito que porque os professores da educação básica são malabaristas no que fazem e muitas vezes não são reconhecidos. No entanto, “quando há amor no que se faz tudo é possível”.

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  7. Depois da leitura do texto concordo com o que diz Heraldo Rocha a respeito da prática pedagógica dentro da realidade escolar, pois a universidade transmite um conhecimento que muitas vezes é bem diferente da realidade do trabalho docente. Acredito que não só os estudantes do Espírito Santo como também os das outras Universidades/localidades não querem dar aula na educação básica; isso acredito, que é porque os professores da educação básica são malabaristas no que fazem e muitas vezes não são reconhecidos. No entanto, “quando há amor no que se faz tudo é possível”.
    (obs.: Postei um comentário com alguns erros, então arrumei)...

    Beijos a todos!

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  8. A leitura deste texto me permitiu refletir e ver que o que ele relata é a realidade da maioria de nós que estamos cursando a faculdade. Concordo com Heraldo Rocha quando ele fala da realidade das práticas pedagógicas e do despreparo que sofrem os universitários. Creio que a universidade nos larga para estágios com muitas lacunas, e aí o choque direto com os alunos e o mundo escolar acaba assustando e afastando muitos daqueles que até então pensavam em ser professores da educação básica.
    Na teoria as coisas são muito lindas, se discutem revoluções para problemas escolares e a maioria de nós espera encontrar turmas perfeitas e assim por diante... estudamos e queremos sempre o melhor mas infelismente, não é isso que o mundo nos oferece, por isso, é que também concordo que a universidade deveria valorizar e trabalhar mais com as didáticas, alé de nos proporcionar maiores contatos com a escola e não só aqueles durante os estágios.
    Ângela Binsfeld

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  9. Thiago de Araújo disse.....

    Acho que todos que estão fazendo estágio devem ver a mesma realidade, pelo menos na escola onde estou acredito que não tenha nenhum professor que só lecione em uma só escola, seja dando aula em escolas do município, estaduais e particulares.

    Os professores trabalham de manhã até o último turno da noite, além de terem todo o ônus de corrigir provas em casa, sendo assim usam o final de semana para isso.

    Sem esquecer da preparação para cada aula, e no caso das escolas de educação básica, sempre há atividades sobre datas festivas e passeios da escolas ( são muito importantes, fazem muit obem tanto para os alunos quanto para a escola, mas requerem uma responsabilidade muito grande dos professores).

    E todos esses trabalhos para receber somando os salários que cada escola dá, temos salários que d~so no mínimo uns três salários mínimos ( em torno de 1300 reais).

    É só ser um pouco realista. com a inflação e todas as necessidades do cidadão comum ( moradia, alimentação, transporte para o trabalho) sabemos que esse salário pode manter uma pessoa, quiçá uma família, só que em condições limitadíssimas.

    E é assim que se quer estimular os acadêmicos? só com muita vocação e paixão pela profissão para continuar. Temos falta de professores em todas as disciplinas e continuará existindo esta deficiência se realmente não valorizarem a profissão de educador.

    è muito irônico ver uma campanha publicitária que está sendo veiculdada na TV dizendo que uma pesquisa a nível mundial apontou o professor como principal responsável pelo desenvolvimento. estou vendo esse reconhecimento.

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  10. Cristiano flores de Limas16 de dezembro de 2009 às 14:29

    Este texto mostra uma pesquisa a qual aponta que formandos em licenciaturas não querem dar aula para o Ensino Fundamental ou Médio. Constatou nada mais que o obvio! Pena que não tratou o por que? Entre os quais vou citar apenas três básicas:

    1- status: há décadas a profissão de professor vem sendo desprestigiada. Existe o discurso politicamente correto de “Oh! é uma profissão nobre, forma cidadãos” Mas pergunte a um cidadão brasileiro típico se pudesse escolher uma carreira para seu filho seguir qual seria sua preferência; médico, engenheiro, advogado ou professor. A resposta menos indicada, ao menos para mim parece obvia.

    2- Salário: finalmente esta se desenhando um piso nacional para o magistério. Mesmo assim, é, com o perdão da palavra, RIDÍCULO comparado a demais profissões que exijam nível de Ensino Superior.

    3-Alunos: violentos, com total falta de respeito com o professor. Indisciplina em qualquer sistema educacional do mundo você pode encontrar. Nosso problema doméstico é a banalização da impunidade no Brasil, nas mais diversas esferas do país, dá a sensação aos jovens de que não importa o que façam “não vai dá nada”. Ainda mais com o ECA os tornando quase intocáveis.

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