domingo, 27 de setembro de 2009

Para alunos de estágio

“[…] o observador deve possuir qualificações, como ser uma pessoa aberta a diferentes possibilidades nem sempre imaginadas e possuir capacidade de compreender a multiplicidade dos elementos que lhe são oferecidos no trabalho de campo" (VIANNA, 2007, p. 58).

“Ao observador não basta simplesmente olhar. Deve, certamente, saber ver, identificar e descrever diversos tipos de interações e processos humanos. Além disso, como mostra Patton (1997), é importante que, no seu trabalho de campo, o observador possua suficiente capacidade de concentração, paciência, espírito alerta, sensibilidade e, ainda, bastante energia física para a sua tarefa” (VIANNA, 2007, p. 12).

VIANNA, H. M. Pesquisa em educação: a observação. Brasília: Liber Livro, 2007.

"O sentido básico do diário [reflexivo] é se tornar um espaço narrativo dos pensamentos (...)" (ZABALZA, 2004, p. 41)

"Como o tipo de conteúdo que se incorpora ao diário faz parte relevante da visão que o sujeito oferece da situação narrada, entendo que não convém limitar ou predeterminar os conteúdos do diário, nem sequer por meio de sistemas de censura destinados a manter um tom ético ou estético do texto (por exemplo, proibindo palavrões ou expressões chocantes, insultos ou a desqualificação das pessoas, julgamentos pessoais sobre pessoas ou instituições, etc.). Como esse tipo de elementos constitui também expressão das vivências ou das expressões dos sujeitos, seu surgimento no diário pode permitir uma análise posterior dos mesmos, transformando-os em oportunidade de formação" (ZABALZA, 2004, p. 146)

ZABALZA, Miguel. Diários de aula. Porto Alegre: Artmed, 2004.

sábado, 26 de setembro de 2009

Encontro de Professores de Espanhol



PROGRAMAÇÃO:
13h30min – Credenciamento
14h – Abertura
14h15min – Mesa-redonda: Problemáticas Atuais no Ensino de Espanhol no Brasil
Prof. Msc. Elton Vergara Nunes – Universidade Federal de Pelotas
Prof. Msc. Marcus Vinícius Liessem Fontana – Universidade Federal de Santa Maria
Maicon Fernandes Vaz de Souza – acadêmico do curso de Letras da Unipampa (Bagé)
15h- Debate - Mediadora: Profa. Dra. Valesca Brasil Irala – Unipampa (Bagé)
15h45min – Intervalo
16h – Palestra: "Ações Político-linguísticas sobre o Ensino de Espanhol"
Profa. Dra. Eliana Rosa Sturza (Universidade Federal de Santa Maria)
16h50min – Leitura de documento-síntese
17h – Encerramento

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Para alunos do estágio: "Curso de Letras e Educação Básica: que relação é essa?"*

Durante muito tempo, quando se ouvia falar dos cursos de Letras, esses eram associados a estudos eruditos e clássicos, voltados a uma formação literária canônica, com forte presença do ensino de línguas mortas (como o latim e o grego) e dentro de uma tradição bastante prescritiva da língua materna (leia-se ensino da gramática normativa - aquela que diz o que é certo e errado). Naquela época, como ouvi dizer de uma professora da PUC-SP, Letras era conhecido como curso de “espera marido”.O tempo passou e as diretrizes atuais desses cursos (articuladas com a preocupação com a formação de professores da Educação Básica) atentam-se para outros componentes curriculares, tais como a inserção de recursos tecnológicos no ensino, a presença de uma visão descritiva da língua (tal como ela existe na sociedade) e a prática pedagógica voltada para a língua em uso (em diferentes gêneros, desde a carta do leitor até análise dos chats).Pois bem, o curso de Letras radicalizou o seu foco, apostando em uma formação voltada para questões inerentes à prática social, e o faz em extrema consonância com as avaliações externas promovidas pelo Governo Federal que operam com a noção de que o aluno em idade escolar deverá desenvolver determinadas habilidades e competências ligadas ao seu letramento em língua materna.Essas avaliações externas (Prova Brasil, Pisa, Saeb, Enem e suas variações elaboradas pelos governos estaduais em diversas gestões) aparecem com o intuito de diagnosticar como anda a educação básica no Brasil (e compará-la com a de outros países).Porém, a questão parece meio esquizofrênica, porque não se “pode” falar mais em currículos unificados. Entretanto, existe para a Educação Básica uma matriz curricular baseada nos conceitos de habilidades e competências fortemente centrados na leitura (direcionando portanto a natureza das habilidades e competências exigidas).Aí é que entramos num impasse: a leitura (abraçada por uma variedade de teorias lingüísticas e literárias) como central no ensino da língua materna, encontra abrigo na formação atual dos cursos de Letras, que geram novos professores ano a ano, mas a Educação Básica ainda ensina Português, na sua grande maioria, com os pressupostos dos cursos de Letras mencionados no início deste texto.Assim, a escola consegue passar pela tangente da maioria das propostas governamentais atuais (fortemente academicistas) para o ensino de Português. Enquanto isso, os níveis de letramento continuam baixos para uma parcela grande da população, operando, portanto, como uma epidemia sem data prevista para encontrar a vacina...

Valesca Brasil Irala é Licenciada em Letras (Português-Espanhol), especialista em Língua Espanhola e mestre e doutora em Lingüística Aplicada. Foi professora da educação básica de espanhol e português e hoje é professora da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).

* Texto originalmente publicado em http://www.amigosdepelotas.com/2009/06/pensata-curso-de-letras-e-educacao.html